segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Engano comum

Ele tem uma bola. E, apesar da pouca idade, sabe bem medir seu afeto por ela. É grande!
Aquela vontade de não desgrudar. Aquela sensação de que , se ela escapulir, a razão vai junto.
Toda essa coisa de gostar.
Se a bola não está com ele, faz tudo no dia como se ela estivesse lá assistindo seus movimentos, admirando sua postura de bom rapaz e desejando estar com ele por toda vida. Quentinho, grudadinho.
Toda essa coisa de se achar dono.
Mas nem tudo é como se planeja. A pouca idade o faz distraído. Relapso a ponto de não perceber que ela, tão amada quanto fosse, murcha, aos poucos, debaixo do seu braço. O hábito de tê-la sempre ali pertinho o fez indiferente.
Toda essa coisa de gostar, achar que é dono, mas não saber cuidar.

É triste olhar para a cena e ver a bola escorregando pelo corpo dele. Ela cai. E no chão está. O curioso é que outros meninos passam, olham pra ela, mas não a tomam para si. Todos estão acostumados com a idéia de que ela é dele. Engano comum. Ela já não tem mais dono. Até que alguém assim a perceba.

Você.